Na manhã desta quinta-feira, 26 de dezembro de 2024, o Brasil perdeu um dos grandes nomes da dramaturgia nacional. O ator Ney Latorraca faleceu aos 80 anos, vítima de uma sepse pulmonar, consequência do agravamento de um câncer de próstata diagnosticado em 2019. Ele estava internado desde o dia 20 na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro.
Ney foi submetido a uma cirurgia para remoção da próstata no mesmo ano do diagnóstico e apresentou recuperação até agosto de 2024, quando o câncer voltou em estado avançado, com metástases em diferentes regiões do corpo. Apesar do tratamento inicial, seu quadro não evoluiu de forma positiva.
Com mais de 50 anos de trajetória artística, Ney Latorraca marcou época com interpretações icônicas que transitavam entre o drama e a comédia. Nascido em Santos, no litoral paulista, ele iniciou sua carreira no teatro e logo conquistou a televisão, onde protagonizou personagens memoráveis.
Entre seus trabalhos mais marcantes estão o excêntrico Conde Vlad, da novela Vamp (1991), e o hilário Barbosa, de TV Pirata (1988-1990). Ney também brilhou em novelas como Anjo Mau (1976), O Cafona (1971), e séries como A Comédia da Vida Privada (1995). Sua irreverência e talento conquistaram gerações, consolidando seu nome como um dos maiores da teledramaturgia brasileira.
No cinema, Ney também teve destaque, participando de produções como O Beijo da Mulher Aranha (1985) e A Dama do Lotação (1978). Sua versatilidade como ator o tornou referência para colegas e inspiração para novos talentos.
Entre os inúmeros sucessos que marcaram a trajetória de Ney Latorraca, destaca-se “O Mistério de Irma Vap”, peça que se tornou um divisor de águas no teatro brasileiro. Escrita pelo dramaturgo norte-americano Charles Ludlam e adaptada por Marília Pêra, a comédia estreou no Brasil em 1986 com Ney Latorraca e Marco Nanini como protagonistas.
A montagem brasileira foi um fenômeno absoluto, ficando mais de 11 anos em cartaz e sendo assistida por cerca de 2 milhões de espectadores. A trama mistura mistério e humor, com diálogos rápidos e situações absurdas, e é lembrada especialmente pela habilidade de Ney e Nanini em trocar de figurinos e papéis em questão de segundos, com performances físicas impecáveis.
