Há algo inquietante na vastidão de campos verdes, no silêncio opressor de uma floresta e nos rituais ancestrais que persistem ao longo dos séculos. O terror folclórico, ou folk horror, explora justamente esse medo primordial, transformando o isolamento rural e as crenças antigas em uma experiência cinematográfica perturbadora.
Diferente do horror urbano ou sobrenatural, o terror folclórico não precisa de fantasmas para assustar. Seu terror reside no choque entre o homem e o desconhecido – seja na forma de cultos estranhos, tradições bárbaras ou na própria natureza, que testemunha os acontecimentos. São filmes em que a civilização se dissolve, revelando a brutalidade que há muito repousa sob a superfície.
Seja inspirado por mitos antigos ou por um pavor quase instintivo do desconhecido, esse subgênero se destaca por sua estética perturbadora e sua atmosfera densa que cresce lentamente, como raízes se espalhando sob a terra. A seguir, confira 8 produções que exemplificam o que o terror folclórico tem a oferecer. Todos os filmes estão disponíveis na Darkflix+, você tem coragem?
ONIBABA – A MULHER DEMÔNIO (1964)
Entre o horror e a tragédia, Onibaba – A Mulher Demônio é um clássico do terror japonês que transcendeu fronteiras e permanece impactante até hoje. Ambientado no Japão devastado pela guerra civil, o filme acompanha uma sogra e sua nora que sobrevivem emboscando e saqueando samurais enfraquecidos. Quando um guerreiro misterioso surge em suas vidas, despertando o desejo da jovem, a tensão entre as duas mulheres se intensifica. Consumida pelo ciúme e pelo medo de perder o controle, a sogra recorre a um plano sinistro, desencadeando eventos aterrorizantes.
Com uma atmosfera sombria e uma crítica afiada à natureza humana, Kaneto Shindō constrói uma obra visualmente marcante, repleta de simbolismo e inquietação. Essencial para apreciadores do cinema japonês, Onibaba é um conto de obsessão, medo e punição que continua a assombrar gerações.
O ESTIGMA DE SATANÁS (1971)
Na Inglaterra do século XVIII, a descoberta acidental de um cadáver decomposto em uma fazenda desperta o medo e a superstição entre os moradores da região. À medida que rumores sombrios se espalham, um grupo de crianças, liderado pela enigmática Angel Blake, se entrega a rituais profanos dentro das ruínas de uma antiga igreja. Convencidos de que o corpo exumado abriga uma presença demoníaca, eles mergulham em um culto depravado, onde sacrifícios e jogos satânicos se tornam parte do cotidiano.
Determinada a restaurar a ordem, uma figura da justiça assume a missão de erradicar a influência maligna antes que a comunidade seja consumida pelo caos. Com uma estética visual marcante e cenas visceralmente impactantes, “O Estigma de Satanás” se destaca como uma das obras mais perturbadoras e indispensáveis para os fãs do folk horror.
O SEGREDO DO BOSQUE DOS SONHOS (1972)
Em uma isolada vila no sul da Itália, uma onda de brutais assassinatos envolvendo crianças abala a comunidade, expondo a fragilidade da justiça e os extremos do fanatismo religioso. Com a polícia incapaz de encontrar respostas, a população se inflama, e a pequena aldeia rapidamente se transforma em um caldeirão de desconfiança e histeria coletiva.
Dirigido por Lucio Fulci, que também assina o roteiro ao lado de Roberto Gianviti e Gianfranco Clerici, o filme é uma das obras-primas do suspense italiano e um marco do folk horror. Com uma atmosfera sombria e uma fotografia impecável de Sergio D’Offizi, O Segredo do Bosque dos Sonhos conduz o espectador por um labirinto de tensão psicológica, violência e críticas sociais, tornando-se uma das produções mais impactantes da filmografia de Fulci.
O HOMEM DE PALHA (1973)
O remake do clássico homônimo de 1973, de Robin Hardy, traz algumas mudanças, para começar, a história se passa nos Estados Unidos. Desta vez, Nicolas Cage assume o papel do protagonista Edward Malus, um policial que decide se afastar por um tempo após um acidente na estrada. Em sua casa, ele recebe uma carta da antiga noiva: a filha dela está desaparecida e a mulher pede ajuda a Edward para encontrá-la. O policial parte para Summersisle, remota ilha da costa do Maine, local do sumiço. Lá, ele encontra uma comunidade matriarcal isolada rodeada de mistérios. Nesta versão de Neil LaBute, o líder da seita pagã, originalmente interpretado por Christopher Lee, aqui é brilhantemente vivido pela atriz Ellen Burstyn.
COLHEITA MALDITA (1984)
Em Gatlin, Nebraska, uma pequena cidade isolada, um culto de crianças fanáticas, lideradas por um jovem autoproclamado pastor, assassina brutalmente todos os adultos em nome de uma entidade conhecida como “Aquele que anda por trás das fileiras”.
Sem saber dos horrores que assolam a região, um casal viajando por uma estrada próxima atropela acidentalmente um garoto que tentava fugir de Gatlin. Buscando ajuda, eles se dirigem à cidade mais próxima, apenas para encontrar um lugar deserto e sombrio, tomado por um mal inexplicável. Presos em uma trama de sacrifícios e devoção a um deus pagão, eles descobrem que escapar pode ser impossível.
Baseado no conto de Stephen King, “Colheita Maldita” se tornou um clássico do terror, rendendo diversas adaptações ao longo dos anos. A versão de 2009 seguiu fielmente o material original, com roteiro do próprio King, enquanto a sequência “Children of the Corn: Runaway” (2018) trouxe uma nova perspectiva, acompanhando Ruth, uma sobrevivente do culto que tenta fugir de seu passado enquanto algo sinistro a persegue.
A MALDIÇÃO DOS MORTOS-VIVOS (1988)
Dirigido por Wes Craven, um dos mestres do horror, “A Maldição dos Mortos-Vivos” mistura terror e realismo ao explorar o misticismo sombrio do Haiti. Inspirado em eventos reais, o filme acompanha um pesquisador enviado ao país para investigar uma misteriosa substância utilizada em rituais de magia negra – uma droga supostamente capaz de transformar pessoas em zumbis. Conforme ele se aprofunda na cultura e nas crenças locais, descobre que há forças muito mais aterrorizantes à espreita, dissolvendo a linha entre ciência e superstição.
A BONECA DO DIABO (2010)
Inspirado em uma lenda europeia, comumente conhecida por Sennentuntschi, este sombrio conto de horror mergulha nas consequências macabras que surgem ao brincar com forças desconhecidas. No enredo, três pastores realizam um ritual de magia negra para dar vida a uma mulher criada a partir de trapos e palha. A criatura obedece aos seus desejos, mas, como na fábula original, o preço por essa transgressão é alto.
Enquanto isso, no vilarejo, o policial Sebastian se vê diante de eventos perturbadores: um padre encontrado enforcado e uma jovem misteriosa surgindo das montanhas. Muda e enigmática, sua presença desperta medo e suspeitas. Conforme Sebastian investiga, ele se aprofunda nos segredos da comunidade, questionando as crenças locais e a real identidade da mulher.
Com uma atuação intensa de Roxane Mesquida, que transmite emoções apenas com gestos e olhares, A Boneca do Diabo é um thriller psicológico inquietante que mistura folclore, superstição e terror visceral.
VIY – A LENDA (2014)
Com ótimos efeitos especiais, fotografia, figurinos e arte, o longa “Viy – A Lenda”, conta a história de Jonathan Green, um cartógrafo inglês do século XVIII, que se aventura em uma jornada para mapear as terras desconhecidas da Transilvânia, a fim de descobrir os segredos obscuros e perigosas criaturas escondidas em uma amaldiçoada vila perdida na floresta ucraniana. Trata-se do segundo filme baseado na obra “Mirgorod”, uma compilação de contos fantásticos escritos pelo reverenciado autor russo-ucraniano, Nikolai Gogol, em 1835. Assim como a primeira versão, lançada em 1967, o remake retrata – com certas liberdades criativas – o conto “Viy”, na qual Khoma Brut, estudante de um monastério, vê-se envolvido com uma bruxa e é obrigado a presidir o seu velório por três noites seguidas, enfrentando forças sobrenaturais e o demônio Viy.
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